No agronegócio, a maior ameaça à sobrevivência das propriedades rurais não está apenas no clima ou no mercado. Muitas vezes, o que leva ao endividamento são os comportamentos e as decisões tomadas sob pressão.
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Gatilhos mentais distorcem a análise racional e fazem produtores insistirem em caminhos que comprometem o futuro.
A gestão financeira é essencial, mas é a gestão do comportamento que, de fato, evita a quebra.
Qual, normalmente, é a maior preocupação do(a) produtor(a) que costumo ouvir?
O medo número 1 é que o custo de produção fique maior que o preço de venda.
Fertilizantes, defensivos, ração, arrendamento, energia, máquinas… tudo isso pode facilmente ultrapassar o valor da arroba, da saca ou do litro produzido.
No agro, isso não é exceção, é regra.
Periodicamente, os custos ficam maiores que os preços de venda por causa do paradoxo da produtividade agropecuária: quanto mais o setor produz, maior tende a ser a pressão de oferta e, em muitos momentos, os preços caem. Somado a isso, os ciclos produtivos longos fazem com que o produtor assuma despesas meses antes de receber pela venda. Esse descompasso ameaça diretamente o fluxo de caixa e a sobrevivência do negócio.
Mas os produtores não têm gestão?
Dentre os vários perfis dos produtores que conheço, muitos acreditam que sim!
Eles buscam negociar bem insumos, aproveitar promoções, reduzir custos visíveis como diesel, ração, mão de obra ou adubação, aumentar a produtividade e apertar o cinto quando necessário.
Essa percepção é reforçada porque, no curto prazo, práticas como negociar insumos, cortar custos ou renegociar dívidas aliviam o caixa e dão sensação de controle.
O produtor conclui que está administrando bem porque consegue economizar ou trocar empréstimos, mas na prática trata-se de uma gestão reativa, que apaga incêndios sem resolver a raiz do problema. O novo crédito paga o antigo, a bola de neve continua crescendo e o negócio segue exposto ao risco.
A verdadeira gestão vai além de cortar custos ou trocar dívidas. Exige planejamento de longo prazo, projeção de receitas e investimentos, controle de fluxo de caixa e, principalmente, consciência que os gatilhos mentais que influenciam as decisões.
Quais gatilhos mentais mais distorcem a gestão?
Costumo dizer que o maior risco não é apenas errar, mas acertar na hora errada.
No campo, como em outros negócios, vários gatilhos mentais se manifestam sem que se perceba:
- Excesso de confiança: acreditar que o crescimento se sustentará, levando a assumir compromissos e investimentos além da capacidade real de caixa.
- Ilusão de controle: acreditar que é possível prever ou dominar o futuro, apostando em crédito, produtividade ou preços de mercado vantajosos.
- Confirmação: insistir em uma estratégia ineficiente apenas para não admitir erro e não reconhecer o prejuízo já ocorrido.
- Ancoragem: basear decisões em preços, produtividade ou expectativas passadas.
- Representatividade: seguir o que todo mundo está fazendo sem avaliar se aquilo faz sentido para a própria realidade.
Esses gatilhos mentais não aparecem nos controles, mas corroem silenciosamente o negócio.
Então a raiz do problema não está no mercado?
O mercado, o clima, a política governamental e os custos pesam, mas não são os únicos responsáveis. Dois produtores expostos ao mesmo cenário podem ter resultados completamente diferentes, dependendo da forma como administram suas decisões e comportamentos.
Como evitar cair nessas armadilhas?
Gestão financeira é essencial, mas sozinha não resolve. É preciso também gerir o comportamento. Isso significa criar disciplina, questionar crenças, reduzir impulsos e tomar decisões baseadas em dados, não em emoções.
O fluxo de caixa é a ferramenta mais poderosa para isso, porque tira a decisão do campo do improviso e coloca no campo da consciência.
Por onde começar essa mudança?
O primeiro passo é compreender que negociar insumos e cortar custos não significa ter uma gestão eficiente e completa.
É preciso enxergar além do curto prazo e adotar práticas que ofereçam a verdadeira visibilidade do negócio. Isso inclui manter o fluxo de caixa sempre atualizado, projetar receitas e despesas, analisar diferentes cenários de mercado e ajustar a estratégia sem medo de revisar escolhas anteriores quando os resultados não correspondem às expectativas.
O produtor que observa seu próprio comportamento, identifica e reconhece a influência dos gatilhos mentais que atuam inconscientemente, na tomada de decisão, já está vários passos à frente.
Esse olhar crítico permite antecipar problemas, reduzir riscos e tomar decisões mais racionais, construindo um negócio sólido e preparado para crescer de forma sustentável.
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Fernando Lopa
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23/09/2025