O caso Pérgola ilustra que o sucesso no Agronegócio não se baseia apenas na produção de commodities ou produtos de nicho.
Nos mostra capacidade de entender o mercado, inovar em marketing e processos, manter a qualidade e ter uma visão estratégica de longo prazo, buscando inclusive a diversificação e a expansão internacional.
Estratégia de mercado, desenvolvimento de produto e engajamento com o consumidor.
1. Compreensão do Mercado-Alvo e Adaptação do Produto
O Pérgola alcançou o sucesso ao atender às preferências gustativas da maioria dos consumidores brasileiros (vinho doce e simples), em vez de seguir os padrões enológicos tradicionais. Isso ressalta a importância de:
– Entender profundamente o que o consumidor local deseja, suas preferências e hábitos de consumo, mesmo que isso signifique desafiar preconceitos ou normas estabelecidas no setor.
– Ter flexibilidade na produção, isto é, estar disposto a adaptar o produto (variedades de uva, processo de vinificação) para atender a essa demanda específica, em vez de impor um produto que não se alinha ao paladar majoritário.
2. Estratégia de Marketing Direto e Quebra de Preconceitos
A Vinícola Campestre investiu em uma abordagem direta ao consumidor para superar a percepção de que vinhos de mesa são inferiores. As ações incluíram:
– Oferecer degustações em supermercados permitiu que os consumidores experimentassem o produto e formassem sua própria opinião, gerando boca-a-boca positivo.
– Capacitar equipes de vendas e distribuidores para apresentar o produto e desmistificar preconceitos é crucial para educar o mercado e construir confiança.
– Posicionar o vinho de mesa como “premium” e focar na simplicidade e no sabor que o cliente gosta, em vez de tentar competir com vinhos finos em seus próprios termos.
3. Controle da Cadeia Produtiva e Busca por Qualidade
Mesmo produzindo um vinho “simples”, a Campestre investiu no controle da cadeia produtiva e na profissionalização da viticultura. Isso demonstra que:
– Independentemente do segmento de mercado, a busca por qualidade na produção é essencial para garantir a consistência do produto e a satisfação do cliente.
– A decisão de se especializar em variedades de uva (bordô e isabel) que se adaptam bem ao “terroir” local (Serra Gaúcha) é um exemplo de como otimizar a produção com base nas condições regionais.
– Inovação em Processos ao aplicar técnicas de produção de vinhos finos (controle de temperatura na fermentação) a vinhos de mesa eleva a qualidade percebida e a competitividade.
4. Visão de Longo Prazo e Diversificação
A empresa demonstrou uma visão estratégica de longo prazo ao desenvolver, em paralelo, uma linha de vinhos finos (Zanotto), mesmo sabendo que o retorno financeiro seria demorado. Isso ensina que:
– Paciência e Persistência: Projetos de longo prazo, especialmente em agronegócio, podem exigir anos de investimento antes de gerar lucro. A resiliência é chave.
– Diversificação de Portfólio: Desenvolver diferentes linhas de produtos (vinho de mesa e vinho fino) permite atender a diversos segmentos de mercado e mitigar riscos, mesmo que um deles seja mais rentável no curto prazo.
5. Expansão para Mercados Externos
A Campestre não se limitou ao mercado interno, buscando a expansão para outros países. Isso destaca a importância de:
– Explorar mercados internacionais pode ser uma estratégia de crescimento significativa, mesmo para produtos que parecem ter um apelo mais local.
– Entender as exigências e preferências dos mercados externos para adaptar o produto e a estratégia de distribuição, como fizeram ao exportar o Pérgola para os Estados Unidos.
Fernando Lopa
Mentor de Carreiras e Negócios no Agro.
www.webrural.com.br
30/06/2025