Se você trabalha no campo, já deve estar sentindo no bolso: o preço dos fertilizantes está subindo novamente. Mas o que pouca gente comenta é que essa alta não pesa só no bolso do consumidor — ela espreme ainda mais quem já está no limite: o produtor rural.
A mídia agora está dizendo que o alimento vai ficar mais caro porque o fertilizante subiu. Como, por exemplo, entre outras que estão sendo veiculadas, a matéria da Band (“Alta nos custos de fertilizantes pode deixar alimentos mais caros no Brasil”) que mostra o impacto direto da alta nos fertilizantes no preço final da comida. Só que existe um detalhe: o preço do alimento até pode subir, mas não porque o produtor está ganhando mais. Na real, ele está ganhando menos.
O que não te contam é que o produtor quase nunca consegue repassar esse aumento. Ele é o único da cadeia que não tem poder de formar preço. E isso, meu amigo, é um problema sério.
Enquanto o consumidor é informado que a comida ficou mais cara por causa do insumo, o produtor vive o outro lado da história: ele, muitas vezes, está é vendendo mais barato do que custa produzir. Ou seja, o preço pode subir por vários motivos — logística, clima, dólar, demanda externa — mas raramente por valorização real da produção agropecuária.
O produtor não consegue repassar seus custos para o mercado, porque quem manda no preço são os grandes compradores, exportadores e redes varejistas — os verdadeiros formadores de preço. Esses sim, ficam com a maior parte do lucro. São eles que operam com margens altas, controlam o ritmo do mercado e ainda promovem “ofertas” para o consumidor final como se fossem heróis.
Além disso, fornecedores de insumos e multinacionais de fertilizantes também abocanham uma fatia considerável da receita da lavoura ou da pecuária.
Enquanto isso, o produtor, que carrega o maior risco da operação, colhe a menor fatia do bolo e fica como vilão da alta dos alimentos.
A matéria da Band reforça que o Brasil importa mais de 80% dos fertilizantes utilizados internamente. Esse dado escancara a dependência externa e a fragilidade do modelo atual das políticas para o Agronegócio.
O aumento no custo dos fertilizantes é mais um capítulo da velha história. O produtor paga mais caro pelo insumo, para manter a produtividade e a segurança alimentar, e, é obrigado a vender barato sua produção. No fim, quem lucra é o intermediário; quem perde é o elo mais importante da cadeia.
O agro brasileiro precisa de mais que tecnologia. Precisa de proteção de renda, de instrumentos de regulação de mercado e de uma política que não trate o produtor como engrenagem descartável. Sem isso, seguiremos reféns de um sistema onde eficiência se transforma em prejuízo.
Não adianta mais dizer que o agro é “pop” ou que o Brasil é o “celeiro do mundo” se o produtor continua sem voz, sem poder de precificação e com margens cada vez mais apertadas.
Precisamos discutir isso com seriedade: o agro brasileiro só será forte de verdade quando proteger quem põe a mão na terra.
Enquanto isso não acontecer, aumentos como o dos fertilizantes continuarão sendo só mais um motivo para o produtor pagar — sozinho — a conta da comida que o Brasil todo consome.
Gostou do conteúdo? Compartilhe com quem precisa ouvir essa verdade. E se quiser conversar mais sobre estratégias para aumentar sua rentabilidade no Agronegócio e evitar perder mais dinheiro, clique aqui e agende uma conversa conosco. É rápida, gratuita e vai direto ao ponto.
Fernando Lopa
WebRural Consultoria e Mentoria On-line para o Agronegócio!
Artigo referência: https://www.band.uol.com.br/agro/noticias/alta-nos-custos-de-fertilizantes-pode-deixar-alimentos-mais-caros-no-brasil-202504161454