O presidente Lula tem reiterado em seus discursos que a China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil. O dado é correto, mas o que raramente é destacado é quem garante esse protagonismo: o agronegócio brasileiro.
A pauta de exportações para a China é dominada por soja, carne bovina, milho, celulose e outros produtos do campo. Em média, mais de 40% da pauta de exportação do que o Brasil vende para os chineses vem diretamente do Agro. É esse setor que assegura o superávit na balança comercial, sustenta as reservas cambiais e confere ao país capacidade de barganha internacional.
A contradição, porém, é evidente. Dentro de casa, o presidente diante de sua militância mantêm um discurso crítico ao agronegócio, muitas vezes reforçado por movimentos como o MST, que o acusam de ser concentrador de terras e atrasado. Fora do país, Lula se apoia justamente nesse setor para projetar o Brasil como potência exportadora.
Há ainda o componente geopolítico: ao exaltar a China como principal parceira, Lula utiliza os números do agronegócio para reforçar um discurso de autonomia frente aos Estados Unidos. O que serve de vitrine internacional é o mesmo setor que ele deslegitima em território nacional.
Essa contradição revela uma conveniência política seletiva. O agronegócio, frequentemente tratado como inimigo político junto a militância do governo, é na prática o pilar econômico e diplomático que sustenta o Brasil. Sem ele, a narrativa de soberania e de contraponto aos EUA perderia força.
Ou seja, se no plano externo o governo se apoia no Agro para sustentar seu discurso de soberania, no plano interno ainda persiste uma resistência alimentada por ideologias contrárias e por uma parcela da sociedade urbana que pouco reconhece a contribuição concreta do setor.
Valorizar o agronegócio não significa ignorar críticas ou desafios, mas sim enxergar que, sem ele, o Brasil teria menos empregos, menos divisas e muito menos relevância internacional.
O agronegócio garante divisas, gera superávit, abre portas comerciais e dá ao país uma presença sólida no cenário internacional. Sem o peso das exportações agropecuárias, o Brasil teria muito menos influência nas discussões comerciais e diplomáticas que moldam a economia mundial.
Essa oportunidade é muito boa para que definitivamente a sociedade brasileira compreenda que o Agro não é inimigo, mas aliado poderoso, e que negar seu papel por conveniência política é fechar os olhos para a realidade que sustenta o país.