Contra a Maré com Lopa – 650 milhões para Restauração de Florestas: Mas cadê os resultados?

R$ 650 milhões para projetos de restauração de florestas desde 2023

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou, com tom triunfante, a destinação de mais de R$ 650 milhões para projetos de restauração de florestas desde 2023. Entre editais, programas e parcerias com o Ministério do Meio Ambiente, o discurso é claro: estamos no caminho de um Brasil mais verde e sustentável. Mas em meio a tanta propaganda ambiental, uma pergunta incômoda persiste: quem está fiscalizando isso tudo?

A iniciativa é grandiosa: Floresta Viva, Restaura Amazônia e Florestas do Bem-Estar

Prometem restaurar milhares de hectares e gerar emprego e renda na Amazônia Legal. A causa, inquestionavelmente nobre, parece blindada contra críticas. Afinal, quem ousaria levantar dúvidas sobre ações que buscam conter o desmatamento, conservar a biodiversidade e enfrentar a crise climática?

Mas é justamente aí que mora o perigo. O volume de dinheiro movimentado — R$ 650 milhões em recursos não reembolsáveis — exige muito mais do que boas intenções e promessas poéticas. Onde estão os relatórios de auditoria dos órgãos de controle governamentais? A comprovação de que cada hectare anunciado realmente foi restaurado com sucesso? E mais: que essa restauração foi feita com qualidade ecológica, respeitando a diversidade nativa e não apenas com plantações homogêneas de espécies exóticas?

Há um enorme vácuo entre o anúncio de investimentos e a mensuração real de resultados. Sem auditorias de órgãos governamentais externos aos financiadores e/ou executores e sem metodologias claras e auditáveis de acompanhamento, todo esse esforço corre o risco de virar marketing verde — o chamado greenwashing onde países, instituições financeiras e empresas doam para conservação e reflorestamento a instituições filantrópicas e governamentais do setor, e “marqueteiam” aos quatro ventos, mas a doação não garante que o doador esteja realmente engajado com a causa. A falta de transparência e de indicadores objetivos é um convite à desconfiança.

E para que medir, afinal, se o discurso é tão bonito?

Essa é a armadilha. Quando o assunto é salvar o planeta, parece quase um sacrilégio pedir provas. A causa ambiental tem servido como escudo: “plantar árvores” se tornou uma ação inquestionável, ainda que sem controle, sem fiscalização, sem métricas de impacto. O resultado? Recursos públicos em larga escala sendo direcionados a projetos cuja efetividade real permanece opaca e sem transparência.

Não se trata de ser contra os projetos de gestão ambiental, conservação ou reflorestamento. Muito pelo contrário: trata-se de defendê-la com responsabilidade. Se quisermos que esse “rio de dinheiro” realmente ajude a conter o aquecimento global, é indispensável sair da retórica e entrar no campo da comprovação. Precisamos saber exatamente o que está sendo feito, por quem, com quais técnicas, em quais territórios, com que monitoramento e com quais resultados concretos em biodiversidade, clima e qualidade de vida das populações locais.

Investir em conservação é essencial, mas tão essencial quanto isso é garantir que o dinheiro não vire cinzas sob a fumaça das boas intenções. Afinal, salvar o planeta exige mais do que plantar árvores: exige transparência, ciência e responsabilidade com cada centavo público investido.

Em minha cansativas buscas por auditorias de órgãos de controle governamentais (não financiadores ou executores) pela internet, o pouco que achei, me assusta o volume de recursos destinados a “gestão” e nenhum ou pouquíssimo gasto efetivo em reflorestamento, como nesse relatório da AGU.

Finalizando, esta foi a reposta de uma das inteligências artificiais, mais utilizadas no momento, enquanto outras nem souberam responder: “Atualmente, não localizei relatórios recentes de auditoria específicos sobre o Fundo Amazônia publicados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) ou pela Controladoria-Geral da União (CGU). No entanto, ambos os órgãos têm histórico de fiscalização e controle sobre os recursos e a gestão do Fundo.”

Não concorda comigo?

Então vai um desafio, encontre na internet relatórios recentes de controle de órgãos governamentais externos aos financiadores/executores para esses projetos de conservação sem reembolso.

Autor: Fernando Lopa
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www.webrural.com.br
12/05/2025

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