O agronegócio brasileiro, frequentemente celebrado como o motor da economia nacional, está à beira de um colapso silencioso. Longe das manchetes otimistas sobre safras recordes e superávits comerciais, a realidade no campo é marcada por angústia, dívidas impagáveis, abandono institucional e uma dor profunda que vem, pouco a pouco, silenciando vidas.
Uma reportagem recente publicada pelo portal Compre Rural1, de Thiago Pereira, trouxe à tona um dado alarmante: a taxa de suicídio entre produtores rurais é o dobro da média nacional. Isso mesmo. A cada ano, centenas de trabalhadores do campo desistem da vida diante de uma realidade insustentável. O isolamento geográfico, a pressão constante por produtividade, a falta de apoio psicológico e, principalmente, o peso insuportável das dívidas vêm transformando a rotina do produtor rural em um ciclo de sofrimento silencioso.
Esse drama humano é apenas a face mais trágica de um problema estrutural mais amplo — como bem argumenta o consultor de agronegócio Celso Ricardo Ferreira2, em seu artigo “A verdade sobre o agro brasileiro que ninguém em Brasília quer enfrentar”. Com dados contundentes, Ferreira desmonta a ilusão de que o agronegócio vive um bom momento. Segundo ele, o setor está sufocado por juros altíssimos, custos de produção que não param de crescer, carga tributária pesada e uma avalanche de importações com isenção de impostos, que tiram a competitividade dos produtos nacionais.
De acordo com informações do Banco Central e da Serasa Experian, o endividamento no campo cresceu mais de 85% nos últimos cinco anos, alcançando a impressionante marca de R$ 500 bilhões. O número de pedidos de recuperação judicial aumentou mais de 30% entre 2022 e 2024. E não são apenas os produtores que estão em colapso — indústrias de insumos, fertilizantes e equipamentos também estão entrando em crise, o que revela que todo o ecossistema do agro está fragilizado.
Apesar disso, as políticas públicas o governo para o setor seguem oferecendo como “solução” o prolongamento das dívidas e oferecimento de mais crédito. Para Ferreira, essa medida é insana: sem rentabilidade, estender prazos é apenas aprofundar o buraco. É colocar juros sobre juros, condenando o produtor a uma vida eternamente endividada.
|
Você está procurando por uma oportunidade para impulsionar sua carreira e alcançar seus objetivos profissionais?
|
Enquanto isso, o campo assiste, impotente, à quebra sucessiva de safras, à explosão do endividamento, ao fechamento de propriedades e ao aumento do desespero. O retrato dessa crise é claro: cresce o número de produtores que desistem de suas atividades, muitos entram em depressão profunda e, em casos extremos, e alguns acabam por tirar a própria vida.
E, ironicamente, em meio a esse cenário devastador, o governo comemora “safras recordes”. Mas de que adianta recordes produtivos, se quem planta e colhe está afundado em dívidas e abandono?
O Brasil precisa encarar a verdade: não há futuro para o país se o campo continuar sendo negligenciado. O produtor rural precisa de mais do que discursos e estatísticas otimistas — ele precisa de gestão, apoio, planejamento, crédito justo e, acima de tudo, dignidade.
É hora de parar de maquiar a realidade e enfrentar os fatos com coragem. Como diz Celso Ricardo Ferreira, “o produtor precisa de gestão, estratégia e dignidade. Sem isso, não haverá futuro”. Fato que venho alertando há anos.
E a pergunta que ecoa, mais uma vez, é: até quando Brasília vai fingir que não vê?
Em breve eu estarei publicando um robusto artigo técnico explicando essa armadilha econômica estrutural, na qual o produtor responde à queda de preços com mais produção e queda de renda e que precisamos acordar.
Fernando Lopa
WebRural Consultoria e Mentoria On-line para o Agro!
www.webrural.com.br
15/04/2025
Fontes: 1 – Site Compre Rural – https://www.comprerural.com/alarmante-suicidios-entre-produtores-rurais-sao-o-dobro-da-media-nacional/
2 – Celso Ricardo Ferreira – CR Gestão Consultoria – https://www.facebook.com/assessoriaemgestaooperacional
